Sinopse:
Adela Quested chegou à cidade indiana de Chandrapore para casar. Acompanhada pela Sr.a Moore, tornam-se amigas do Dr. Aziz, que se oferece para lhes mostrar as Grutas Marabar. Mas quando exploram as grutas ocorre um acidente, e Aziz é acusado e detido. Enquanto o médico aguarda julgamento, a opi- nião dos britânicos e dos súbditos indianos divide-se entre a sua culpa e inocência, e as tensões surgidas ameaçam transformar-se em violência.

«Um dos romancistas ingleses mais estimados do seu tempo.»[The Times]
«De uma enorme mestria.»[Anita Desai]

Opinião:
Passagem para a Índia, é uma obra do escritor britânico E. M. Foster, publicada pela primeira vez em 1924. Em 1984 David Lean, produz o filme baseado neste livro.
Esta obra está divida em três partes.
Na primeira parte “Mesquita”, Adela Quested e a Sra. Moore chegam à Índia (à cidade de Chandrapore) vindas de Inglaterra, para se encontrarem com Ronny Heaslop que é magistrado nesta cidade. Ronny Heaslop é filho da Sra Moore e noivo de Adela Quested.
Aziz Ahmed é médico no Posto Administrativo Britânico, e conhece a Sra. Moore numa mesquita, mais tarde encontram-se por intermédio do Sr. Fielding, diretor do Liceu Governamental.
Ao longo desta primeira parte o leitor fica ao corrente do conflito e dos preconceitos que se estabeleceram entre estas duas culturas tão diferentes, assim como dos conflitos entre os próprios Indianos de diferentes religiões.
A sensibilidade e a atitude livre de preconceitos das duas senhoras em relação ao povo Indiano, faz com que Aziz se afeiçoe a elas. Quando estas demonstram interesse em conhecer a verdadeira “Índia”, Aziz oferece-se para organizar uma excursão às remotas Cavernas de Marabar.
Na segunda parte “Grutas” é a onde se desenrola toda a “tragédia”, a excursão acontece, mas durante o passeio às grutas há um mal entendido, e Adela julga ter sido atacada por Aziz. Quando Aziz regressa à cidade é preso, e vai ser julgado. Todos este acontecimentos vão gerar grande tensão entre Indianos e Ingleses.
Durante o julgamento para consternação dos supostos amigos Ingleses de Adela, esta acaba por mudar o seu depoimento e inocenta Aziz. Tudo isto faz com que a comunidade Inglesa fique mal vista e que o conflito entre as duas culturas aumente.
Adela é abandonada pelos “supostos” amigos e o único que a ajuda é o Sr. Fielding. É aqui que novo mal entendido acontece e Aziz sente-se traído pelo amigo, acabando por abandonar a comunidade anglo-indiana.
Na terceira Parte “Templo” o leitor fica a par das festas religiosas do povo Indu e a reconciliação e os mal entendidos entre Aziz e Fielding resolvem-se.
Ao longo desta leitura, vamo-nos apercebendo desde o início, dos conflitos e antipatia entre a cultura ocidental e oriental. A forma como o autor nos descreve certas atitudes que os ingleses têm para com o povo colonizado, faz-nos ter um certo sentimento de revolta, porque estes se comportam como se estivessem no país deles e tudo lhes pertencesse, e os Indianos não sobrevivessem sem eles. O autor acaba por dar razão a um certo rótulo que este povo ainda hoje tem na vida real, tanto que numa conversa entre a Sra. Moore e o filho, chegam a dizer o seguinte:
"...
- Os teus sentimentos são os de um deus - retorquiu ela muito depressa. Todavia eram os modos do filho, não os sentimentos, o que mais a aborrecia.
Tentando recompor-se, ele disse:
- A Índia gosta de deuses.
- E os ingleses gostam de armar-se em deuses.
- Isso agora não interessa para o caso, acabemos com a discussão. O facto é que este país tem de nos tolerar, deuses ou não deuses.
..."
Quando Iziz, é “condenado” ainda sem ter sido julgado, e a Sra Moore é afastada, por se aperceberem que esta acha Aziz inocente, o autor consegue mais uma vez transmitir o tal sentimento de revolta, por julgarem uma pessoa pela sua cor e origem. Mais tarde consegue-nos pôr do lado de Adele, quando esta demonstra arrependimento e todos lhe viram as costas. Outro sentimento ambíguo transmitido, e que nos faz estar desta vez ao lado dos ingleses, é no fim do julgamento, quando os tumultos causados pelos hindus fazem-nos temer pela vida dos anglo-indianos.  Esta disparidade de sentimentos que o autor nos consegue transmitir é admirável, compreendendo-se porque este e esta sua obra, foi tão admirada quando foi publicada.
O que me chamou também a atenção e que até me fez ter vontade de conhecer este país, foram as descrições das paisagens e costumes religiosos. Mesmo quando ele descrevia uma paisagem desprovida de beleza, conseguiu aguçar a minha curiosidade, e na última parte a festa/culto religioso de krishna foi soberbo.

Uma obra riquíssima de sentimentos e cultura.
O livro aqui na editora.


0 comentários:

Blogger Templates by Blog Forum