Opinião:
Esta é a história de duas mulheres afegãs separadas por um século. Apesar da distância parecer muita a evolução no que diz respeito aos direitos das mulheres foi pouca, no entanto o risco de alcançar a liberdade é melhor que um cativeiro sofrido e é sobre o alcance desta liberdade arriscada (que deveria ser um dado adquirido há muito) que nos fala esta história!
Rahima e Shakiba (sua trisavó) desempenharam o papel de filha-filho - bacha posh - uma prática comum entre famílias que não têm filhos. Ter um filho, significa que têm alguém que pode ir à rua fazer compras, regatear preços, acompanhar as irmãs à escola. Ser filha significa que só vai à escola se os pais deixarem e tem de ir acompanhada do irmão, não poder sair à rua sozinha e muito menos falar com rapazes. Significa que aos treze anos já tem idade para casar, independentemente da idade do homem com quem casa. Significa que se for mãe só de meninas, será uma mulher desprezada pelo marido, pela sua família e pelas suas outras mulheres. Sim, o homem pode ter quantas mulheres queira, logo que tenha posses para as sustentar e dar abrigo. O que importa é ter mulheres que lhes dê filhos homem! As palavras amar e respeitar simplesmente não fazem parte do dia a dia destes homens! Portanto, entre viver desta forma e arriscar a vida por ser livre, mesmo que isto implique morrer, é sempre mais libertador do que viver sendo humilhada, espancada, violada e desrespeitada continuamente!

"Percebi aquilo que a minha mãe também sabia. Os homens podiam fazer o que quisessem com as mulheres" pág 125

A história de Shakiba é interessantíssima, mostra-nos muitas tradições de um Afeganistão mais distante. Com Rahima, apesar das mudanças se darem lentamente já se vislumbra uma pequena evolução no que diz respeito aos direitos das mulheres. No entanto, os seus direitos básicos estão longe de serem respeitados.
É uma história triste, porque sabemos que não é ficção. As personagens poderão sê-lo, mas as acções infelizmente existem!
Aconselho sem reservas, pois é necessário chamar a atenção do mundo para esta realidade que ainda se vive em pleno sec XXI!

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