Sinopse
"Deixe-me avisá-la de uma coisa a respeito da minha família", disse o velho Mortimer Winshaw. "São o pior, o mais ganancioso, o mais cruel bando de filhos da mãe, gatunos, egoístas e traiçoeiros, que alguma vez rastejou à face da Terra."
No Verão de 1990, nas vésperas da guerra contra Saddam Hussein, um jovem escritor prepara a biografia oficial da família Winshaw. Ao reunir as peças da verdadeira história destes monstros grotescos e sedentos de poder, ele descobre que essa história começa a coincidir, estranhamente com a intriga de um filme com a bela Shirley Eaton, cuja imagem o perseguia desde então.
Mas descobre também que os Winshaw continuam hoje em dia connosco: os políticos, os negociantes de armas e os barões da informação que devoram (que grande banquete!...) as entranhas da Grã-Bretanha.
No que é simultaneamente o mais divertido e mortífero romance político dos últimos anos, Jonathan Coe juntou histórias públicas e privadas numa farsa trágica de proporções dickensianas. Cáustico, feroz e divertido, o seu olhar de escárnio sobre o ridículo dos nossos auto-eleitos senhores e sobre a ruína que espalham por toda a parte ficará como um marco da actual produção literária inglesa.

Opinião
Mordaz. Fatídico. Provocador.
Após ter lido tantos livros de Jonathan Coe julguei que nada provindo da sua mente fosse capaz de me surpreender, ou pelo menos de me surpreender em larga escala. Pois bem, enganei-me, claro. Não que tivesse sido presunçoso. Na verdade eu conheço muito bem a sua escrita. Entendo-a, identifico-me com ela.
Enquanto que nos seus títulos mais recentes Coe é capaz de demonstrar uma sensibilidade ímpar, neste livro ele exibe precisamente o contrário. Talvez por ser uma obra pensada/ concebida em finais de 80/ princípios de 90, se sente um autor mais dedicado em demonstrar todo o seu descontentamento relativamente à sociedade britânica - com especial atenção para a classe política, para uma espécie de Thatcherismo, para o deficiente sistema de saúde, para a morbidez da população, para a corrupção. Ou melhor, a sensibilidade está lá, embora usada de outra forma. Curiosamente, as dificuldades que ele via na comunidade há 25 anos na Inglaterra são as mesmas que toda a gente vê em Portugal nos dias que correm.
Ora, tudo isto para dizer que Jonathan Coe era brilhante há 3 décadas atrás como o é agora. Alerto ainda para o facto de o protagonista ser, uma vez mais e, isso sim, sempre fiel a si próprio, uma alma frágil, perseguido por fantasmas e caminhando permanentemente numa corda bamba sem fim - nem fundo - à vista. 
Coe é isto, um autor tridimensional, capaz de avaliar tudo e todos, capaz de alcançar qualquer ponto a que se proponha, analisando cada momento e instante até chegar ao seu destino final.
Ele é, para mim, um intocável no mundo da literatura (para não dizer que é o maior de todos, porque, para mim, em grande parte do tempo, o é efectivamente).

4 comentários:

    On 04 fevereiro, 2016 Aida Silva disse...

    Raio de livro, parece que me persegue e já não existe em lado nenhum!
    Deve ser genial!

     

    Oh Aida. E qual é o problema? Manda-me a tua morada para o e-mail que eu empresto-te.

     
    On 05 fevereiro, 2016 LC disse...

    Este livro comprei-o em segunda mão, agora só me falta pegar nele e ler. O problema são as 1000 páginas que me faltam do último volume
    "No Limiar da Eternidade" do Ken Follet. :(
    Que sofrimento :(


    Lígia

     
    On 08 fevereiro, 2016 Aida Silva disse...

    Obrigada, Vasco!

     

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