Sinopse
Este romance baseia-se, tão ao gosto do autor, num caso histórico que ficou como exemplo de injustiça, corrupção e preconceito e em que se envolveram muitas outras personalidades históricas bem conhecidas. Trata-se do drama cuja personalidade central foi Alfred Dreyfus, acusado de ter vendido informações aos serviços secretos alemães, que foi condenado e deportado para Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Robert Harris narra-o na primeira pessoa, pela voz de um oficial de nome Picquart, uma figura discreta na vida real, mas que aqui se transforma na figura principal. Este personagem vem a descobrir a inocência de Dreyfus e persiste em repor a verdade dos factos, sofrendo com isso pesadas consequências. 
O Oficial e o Espião pode ser lido como um magnífico thriller histórico que recria de modo convincente um dos mais famosos casos de corrupção judicial.

Opinião
Intrigante. Fluido. Interessante.
De toda a obra de Robert Harris traduzida para português apenas me falta ler “Lustrum”, a continuação da brilhante narrativa sobre Cícero, também publicada pela Editorial Presença, que já está nas estantes lá de casa. Isto diz muito acerca do meu sentimento relativamente a este autor. É, a meu ver, o melhor historiador/ autor dos últimos tempos.
Em “O Oficial e o Espião” as personagens, oficiais do exército francês, estão enquadradas numa sociedade altamente instável, rodeada de inimigos e de gente que não sendo considerada inimiga o poderá ser. É nesse panorama que o protagonista se vê envolvido, mais ainda quando se vai apercebendo que os culpados poderão afinal não ser assim tão culpados e que não existem inocentes quando o tema do jogo que nele é peão se baseia na política da Europa.
Todo o enredo vai decorrendo sem sobressaltos e os novos dados são-nos apresentados lentamente, quase como se fosse a ordem natural dos acontecimentos. Esta situação é, aliás, uma característica do autor comum em todos os seus livros.
Nesta história verídica Robert Harris coloca o dedo em muitas feridas, autênticos cancros sociais dos finais do século XIX, que, curiosamente, persistem nos dias que correm. Fraude, antissemitismo, corrupção, influência de interesses, traição, justiça, ocultação de factos são algumas ocorrências que o autor explorou e que acabaram por manchar a História recente da França.
Não sendo o meu livro favorito de Harris, aconselho a sua leitura, principalmente para quem gosta de espionagem, intrigas e História.

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