D. Amélia, Isabel Stilwell


Opinião:
Este foi o primeiro livro que li da autora e fiquei fascinada com a escrita. Stilwell apresenta-nos Amélia (aquela que viria a ser a última rainha de Portugal) filha de Luís Filipe conde de Paris e de Maria Isabel de Montpensier.
Desde cedo, Amélia foi educada de forma muito diferente dos seus irmãos, uma educação exigente, digna de uma futura rainha. Não uma futura rainha deslumbrada com jóias e poder, mas preocupada com algo realmente importante – o povo! Neste aspecto da sua educação, o seu pai teve um papel muito importante, pois sempre alertou-a para as necessidades do povo e para o poder que conseguem ter quando se juntam em prol de um objectivo.
Desde cedo, Amélia viu a sua família sofrer com o exílio, compreendeu as causas que lhe foram explicadas pelo seu pai, com o qual tinha uma relação muito próxima. Assim, foi crescendo, bonita e inteligente tendo uma opinião crítica em tudo o que via e ouvia. Como todas as mulheres, sonhava casar por amor e assim acontece quando conhece Carlos (futuro rei de Portugal). Porém, muitas divergências haviam de surgir nesta vida a dois, pois Carlos fora educado de forma diferente, era cómodo e apreciava o poder e o luxo (talvez influenciado pela sua mãe – Maria Pia), chegando a deixar para segundo plano os problemas do reino.
Desde cedo que Amélia se apercebe que Carlos não tinha sensibilidade para detectar os perigos à sua volta no que dizia respeito ao desejo do povo: derrubar a monarquia. No entanto, as suas ideias e intervenções nunca foram levadas a sério por Carlos, embora este gostasse de ouvir a sua opinião sobre determinados assuntos.
Era uma mãe extremosa, educou o filho mais velho, tal como o seu pai a educou - uma mente aberta que sabia avaliar os acontecimentos à sua volta, tendo sempre em atenção as necessidades do povo. O seu principal objectivo na educação de Luís Filipe, foi fazer com que o filho fosse um rei mais atento e interactivo do que Carlos! Porém, o destino não deixou que o seu primeiro filho reinasse…

Amélia, tinha plena consciência de que a monarquia estava ameaçada, sentia o povo sempre descontente, mais importante ainda, sentia o povo incoerente nos seus objectivos, um povo que um dia queria uma coisa, outro dia queria outra. Mas algo era uma constante - a queda da monarquia!

Foi uma leitura que me agradou bastante! Recomendo!

11 comentários:

    On 31 julho, 2012 Unknown disse...

    Desta escritora só li "Filipa de Lencastre" e também adorei, ela escreve realmente muito bem!

    Beijinhos e Boas Leituras

     
    On 01 agosto, 2012 poeta do penedo disse...

    desta autora comecei a ler Catarina de Bragança e parei. Agora estou a ler D. Maria II e´embora já tenha passado do meio também se me está a quebrar o interesse. Não é dúvida de que escreve bem. Pudera, é jornalista, directora de um jornal. Mas daí a que os livros que li serem considerados verdadeiros romances, ponho as minhas reservas. Continuo a dizer que são mais adaptações de cartas.

    Com amizade

     

    TENHO que ler qualquer livro dela. Ando para fazê-lo há que tempos!!

     
    On 01 agosto, 2012 Paula disse...

    Inês Santos,
    Também tenho para ler, aliás tenho as obras todas :P

    Poeta,
    Já leu Cristina Torrão? http://viajarpelaleitura.blogspot.com/search/label/Cristina%20Torr%C3%A3o

    Acho que vai gostar :)
    Esse é o link dos livros da autora comentados por aqui :P

    Draco,
    Eu gostei muito, senti-me envolvida na história. No entanto entendo o que o Poeta do Penedo refere, até porque muitas das acções referidas na obra são ficção, apesar de ser um romance histórico... E também já li algumas opiniões menos positivas a esse livro...

     

    Olá Paula!
    Eu gostei muito desse livro, assim como gostei bastante do último título de Stiwell “D. Maria II”, onde sobressai algo que entronca no que falávamos há uns dias.
    Referes na tua opinião que D. Carlos era cómodo. Nota que, na minha opinião e embora pudesse ser influência da sua opulenta mãe, D. Maria Pia, D. Carlos descendia de uma linhagem que apreciava a arte e não estava muito virada para as questões políticas.
    Vê. O avô de D. Carlos foi D. Fernando de Saxe Coburgo Gota, homem culto e totalmente virado para a beleza e as artes que foi colocado em segundo plano na governação pela Rainha, D. Maria II. O pai de D. Carlos, o rei D. Luis, segundo filho de D. Maria e D. Fernando, não foi educado para ser rei. Era uma pessoa de grande sensibilidade, amante das artes e da música e para ele foi um choque e uma obrigação assumir a coroa após a morte do irmão, na altura rei, D. Pedro V.
    E era aí que eu queria chegar.
    D. Pedro V foi educado para ser rei e, segundo consta, era uma pessoa de caracter forte e apreciado por todos os quadrantes políticos. Era a grande esperança de unificação do país que, desde a guerra civil, estava em abolição e a monarquia ameaçada. Deram-lhe o cognome de O Esperançoso, O Bem-Amado ou O Muito Amado e o azar foi ter falecido muito jovem, com apenas 24 anos. Na minha opinião foi o último Grande Rei de Portugal.
    Penso que se ele tivesse reinado, provavelmente, a monarquia não cairia como cai nem no ano em que caiu. Mas isso são suposições. O que eu estou certo é que os últimos reis de Portugal não tinham pulso para os problemas que grassavam em Portugal e que ameaçavam a monarquia.

     
    On 01 agosto, 2012 Célia disse...

    Também gostei muito deste livro. deu-me muito prazer conhecer melhor a Rainha D. Amélia porque é, de todas as rainhas portuguesas, a que sempre mais me fascino. Agora gostava de ler D.Maria II, está na minha lista :)))

     
    On 02 agosto, 2012 Dulce disse...

    Olá Paula,
    Tenho este livro e gostei bastante mas adorei "D. Catarina de Bragança". Gosto imenso da escrita da Isabel.
    Bjs
    Dulce Barbosa

     

    Olá Iceman
    não resisto a comentar o teu comentário :)
    A tua última frase dá pano para mangas mas vou começar por outro assunto: concordo que D. Pedro V foi um bom governante mas eu tenho uma certa admiração por D. Luís. Para além de, ao que consta, ter sido uma excelente pessoa, foi no reinado dele que o ministro Fontes Pereira de Melo procedeu a uma verdadeira industrialização deste país (período da Regeneração). Além disso, numa faceta menos conhecida a Regeneração foi um período de uma certa democratização do País. O recente livro de Flávio Capuleto (No Calor dos Trópicos) dá-nos uma visão interessante deste período.
    Mas a tua última afirmação é que, de facto, me levou a fazer este comentário: é certo que os últimos reis, principalmente D. Carlos e D. Manuel II eram pouco hábeis na governação. Mas o certa é que há determinados "movimentos profundos" que tornaram a queda da monarquia absolutamente inevitável. Nem que eles fossem grandes reis; nem que fosse o Marquês de Pombal; a monarquia tinha que caír.
    Esses dois grandes movimentos de fundo a que me refiro são:
    1- a degradação dos costumes e das práticas políticas (corrupção, incompetência, compadrios, etc) derivadas de uma estrutura social completamente caduca, baseada na velha aristocracia e, pior que isso, na mentalidade aristocrática que contagiara os próprios burgueses. Aqui é que foi tudo "por água abaixo": quando a burguesia, que devia ser o motor da economia capitalista, preferiu herdar os tiques da nobreza e acomodar-se a um poder político baseado nos interesses, nos jogos de bastidores e na corrupção. Estava criado o ambiente perfeito para o segundo grande "movimento de fundo":
    2- a propagação das ideias socialista: em Portugal, o republicanismo que triunfou em 1910 não é mais do que um braço socialmente mais "apresentável" do socialismo que se propagara por essa Europa fora, misturado com uma pitada de Maçonaria (havia até um Relvas - o José - que não sei se tinha algo a ver com o atual batoteiro). Mas o certo é que nem com os melhores dos reis nos teríamos safado da revolução republicana. O país estava cheio de fome, é certo, mas isso não é exclusivo do tempo da monarquia, como sabemos; o país continuou cheio de fome com os republicanos e quase morreu engasgado no tempo do Salazar. O que fez caír a monarquia foi, em grande parte, o movimento político internacional e o decadentismo crónico em que Portugal caíra, talvez desde o tempo de Sebastião José de Carvalho e Melo

     

    Olá Manuel!
    Concordo contigo, por isso é que eu digo que, provavelmente, a monarquia não teria caído quando nem como caiu, mas que era algo que teria de suceder, isso não tenho qualquer dúvida.

    Em todo o caso é interessante analisar se teria acontecido se Portugal fosse um país da dimensão de Espanha ou Inglaterra. Repara, essa "degradação dos costumes e das práticas políticas (corrupção, incompetência, compadrios, etc) derivadas de uma estrutura social completamente caduca, baseada na velha aristocracia e, pior que isso, na mentalidade aristocrática que contagiara os próprios burgueses" acontecia exactamente em Inglaterra, como podemos constatar, por exemplo, nas obras de Dickens. Em Espanha sucedia o mesmo e as monarquias caíram?

    Não retiro o mérito a D. Luis nem a D. Carlos, mas foram reis de fraco pulso, mais interessados na música e no mar do que propriamente em perceber a política e os interesses que, por exemplo, Eça referia em algumas publicações.

    Concordo com o que dizes, mas penso que se D. Pedro tivesse reinado até à sua velhice, sensivelmente até 1900, tenho quase a certeza que a monarquia não cairia em 1910. provavelmente após a 1ª guerra e mesmo assim dependia do apoio dos britânicos.

    Mas pronto, são suposições.

    Gosto destas discussões.

    :)

     

    Iceman, eu nunca tinha pensado seriamente nisso, mas agora que o faço, admito que possas ter razão. Como dizes, são suposições e na História como na vida, os "ses" não valem nada. Mas "SE" tivessemos tido melhores reis talvez a monarquia perdurasse mesmo, até porque em pleno republicanismo, havia muitos adeptos da monarquia. No entanto, a revolução não olha a meios; se há uma ligação da monarquia aos políticos incompetentes, caem todos! Em Espanha e em Inglaterra, dizes tu, a monarquia não caiu. certo. Porquê? Talvez porque nunca houve necessidade de uma revolução!
    O que interessa é que tempos uma História riquissima (mesmo em desastres) que nos permite estas belas discussões :)
    Um abraço

     

    Esta é uma das autoras que tenho muita vontade em ler... adio de dia para dia a sua leitura.
    Tenho para ler D. Catarina de Bragança... um dos muitos livros que comprei a um bom preço na saudosa Barateira.
    Ultimamente livros é coisa que tenho pegado muito pouco (como diz o nosso querido Manuel Cardoso... "A vida não só livros")
    De qualquer das formas fiquei muito curioso com esta tua opinião... tenho um carinho especial pela ultima casa real do nosso país... embora D. Carlos tenha sido daqueles Reis que gostava mais de Perdizes e "outras coisas". no entanto não sei bem explicar porquê... mas gosta da última Família de Monarcas. (talvez pela desgraça em que tenham caído.
    Achei curioso e dá deveras que pensar o que dizes no final da opinião: "Um povo que um dia quer uma coisa... outro dia quer outra" curioso não é... como 100 anos depois se mantém tudo "Tão mesma".
    Beijinhos Paula.

     

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