O Estrangeiro, Albert Camus

Opinião:
Meursault, o nosso personagem principal é sobretudo um espectador da vida e de todas as situações pelas quais passa. Age como se fosse ele próprio um estranho, um estrangeiro que tudo observa fria e distantemente. Acontece com a morte da mãe, com a sua relação com Maria, com a amizade de Raimundo e quando comete um crime.
Esta é uma obra pequena, mas fortíssima a nível de conteúdo, em todas as palavras e frases há significados implícitos.
Desde o início da narrativa Meursault sente-se julgado, acontece com os amigos da mãe que assistem ao enterro, no qual ele é incapaz de chorar, de sentir tristeza, porém quando abandona o cemitério olha a paisagem com o intuito de compreender a sua mãe. (sinal que a amava) Assim também acontece no fim, depois de julgado e condenado olha as estrelas e sente-se capaz de reviver.
É um personagem que se estranha ao longo da história, principalmente na primeira parte, questionamos inúmeras vezes as suas atitudes e decisões, no entanto também se ganha alguma afeição e apego (nomeadamente na segunda parte).
Na primeira parte, há o demonstrar de comportamentos punidos pela sociedade e na segunda, o nosso personagem é julgado não pelo seu crime, mas por ter ido contra as regras da sociedade (não ter chorado no enterro da mãe e de se ter divertido no dia seguinte). Assim, “O Estrangeiro” de Albert Camus é uma crítica mordaz aos julgamentos da sociedade, julgamentos estes que persistem ao longo dos tempos até aos dias de hoje.
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Sinopse:
O Estrangeiro revelou e consagrou definitivamente Camus como um verdadeiro "clássico" da literatura contemporânea. Romance estranho, desconcertante sob uma aparente singeleza estilística, nele se joga o destino de um homem que viveu a vida de acordo com a sua sensibilidade e a evidencia do absurdo de existir.

Comentário também publicado no blogue Destante

3 comentários:

    Paula,
    recordo-me de ler este livro e ficar furioso com o mundo pela tendência que este tem para julgar toda a gente sem nada deles saber.
    Devemos ou não viver sem nos importarmos com o que o resto do mundo pensa?
    Até que ponto devemos sacrificar o que somos para ficarmos bem vistos perante os outros?
    E se o fizermos... não deixamos de ser aquilo que somos? Como viveremos connosco então?
    :)

    Foram só algumas coisas que me passaram pela cabeça.

    Bom fim-de-semana.

    Um abraço.

     

    Paula,
    Tenho uma especial admiração pelo Camus. pelo desconcerto das obras, pelo respetio que tem pelo leitor (a quem deixa um amplo espaço) e, sobretudo, pela qualidade técnica. É uma leitura voraz, intensa, que nos acompanha ao longo do dia (quando será que tenho tempo de voltar a pegar no livro?) e simples. Um escritor fabuloso. Gosto particularmente de "A peste".

     

    Este é realmente um livro que nos faz reflectir sobre a sociedade, nós e o nosso comportamento. Para nós ou para os outros?
    Um livro muito pequeno, mas com um conteúdo imenso!

     

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